28 de abr. de 2013

Gikovate e um novo olhar sobre as relações

Sexo e amor, amor e sexo: os temas mais falados, sofridos e comentados pela humanidade atualmente, segundo o psicólogo Flávio Gikovate, figura das antigas (eu era criança e a minha já o via na TV ou no rádio; ele tem 46 anos de estrada e eu não tenho nem 40 de vida), não é um mero aproveitador de fama de auto-ajuda. Ele escreve - e fala muito bem sobre as relações humanas, especialmente no se refere aos problemas entre as duas partes de um casal. 

Acabo de ler Uma História de Amor... com Final Feliz, deste autor. Ele fala muito sobre os padrões que a gente desenvolve nos relacionamentos, seja homem, seja mulher. Soa óbvio? No início do livro, Gikovati lembra que a gente sofre uma "dor do desamparo", e procurar um amor é tentar eliminar essa dor. Problema é que amor não completa ninguém (a incompletude faz parte da alma humana, óbvio?), e a gente acaba procurando opostos achando que vão completar o que nos falta.

Gikovate também separa sexo de amor. Não é frio; simplesmente trata estes dois temas, digamos, vindo de fontes diferentes. Amor é paz, aconchego, remédio pra desconforto... sexo... é outra coisa. Misture a tudo isso a cultura, o machismo, a revolução feminista lá de trás e a revolução de hoje que parece voltar atrás. 

Há futuro em nossas relações? Apesar dos pesares, o psicólogo diz que sim - se saírmos dos padrões de comportamento que assumimos. Um novo olhar sobre o amor e o sexo, que podem andar juntos sim, mais ainda sobre as escolhas dos parceiros que assumimos pra vida, por afinidade (e não só por romantismo, paixão ou tesão), aceitando realmente as individualidades, sem egoísmo no entanto, e sem medo. Sem possessividade.

Ele acredita que essas mudanças acontecerão. Pobres de nós, artistas? Avisa o psicólogo: "quanto ao futuro, penso muito nos artistas. No que pensarão, sobre o que escreverão quando não estiverem mais obstinados em decifrar os enigmas do amor e do sexo? Como serão seus quadros? Que músicas comporão? Talvez estejamos diante de um salto qualitativo que há tempos não ouvíamos".

A dor do amor (ou da falta dele, do que pensamos sobre ele) alimenta a literatura, o cinema, a TV, a música. No futuro, com as relações de maior qualidade, quem sabe seremos cada vez mais parecidos com Alberto Caeiro, um dos pseudônimos de Fernando Pessoa, que traz nostalgia, natureza e incompletude em suas palavras. Ou ainda a sapiência de Mia Couto. Diferente de relações vazias e banalidades "amorosas", muitas delas inclusive ganhando prêmios.

Mas isso é tema pra outro dia. Agora, aproveite pra escutar um pouco do Gikovate em um de seus programas na CBN, clicando aqui.