16 de nov. de 2010

Recordar é viver... e se entender?

Ao final de uma relação, tendo dado ou não certo, sempre passamos por um período de reclusão, um tempo, para acentar o coração. Esse tempo varia - tem gente que engata um namorado no outro, mas é batata, pelo menos pra mim: nesse período de seca ou jejum, como queira imaginar, inevitavelmente você pensar nos seus ex. Ex-namorados, ex-rolos, ex-ficadas... a não ser que você (que inveja!) tenho ficado com pelo menos uns 50 caras, não vai lembrar de cada um mas, com certeza, dos que mais te impressionaram.

E naquelas de insônia, em que você deveria estar terminando um relatório ou estudando pro seu mestrado, você abre procura o seu primeiro namoradinho no Orkut. Sim, ele está lá com certeza. Só que... careca, sem óculos, um pouco gordinho e com um nenê no colo. Ops! Lembre-se, se passaram uns 20 anos desde então, o menino com certeza já tem lá seus 40 anos e um respeitável pai de familia. Você até manda um recado pra ele, e ele responde, dizendo que aquele já e o terceiro (você, nem no primeiro!). E pensa: este senhor? Não tem nada a ver comigo... como é que pode né?

Aí você parte pra lembrar do segundo namorado, você já tinha uns 20 anos e já dormia na casa dele (sim, antigamente as mocinhas mesmo na faculdade não necessariamente dormiam na casa de seus namorados, ainda mais no interior), já viajava com ele. Não deu certo, né? Porque aí você queria viajar de vez, e ele não. Mas vamos lá dar uma "googlada" (nossa, como é feio falar desse jeito híbrido). Fuça daqui, fuça dali, achou o telefone do dito, que é advogado, mas nada de site. Mais umas páginas, descobre que ele participa de um tal de "grupo de democracia participativa". Você pensa, ó, que legal, ele é menos careta do que naquela época, pelo menos se envolve com essas coisas da política. Mas foto do dito que é bom, pra ver se ele também está careca e barrigudo, nada. Ficou na vontade. De qualquer forma, você anota o telefone num papelzinho. Quando for pra sua cidade de novo, que você agora mora meio longe, vai tentar ligar.

Aí você resolve pesquisar aquela primeira das suas grandes paixões avassaladoras que duraram menos de três meses, mas que deixaram marcas por um bom tempo. Aquele professor de história, casado e apaixonado (por história, diga-se de passagem). De novo no google. Consegue achar umas reportagens sobre ele em algumas revistas, bem que ele tentou ficar famoso, mas as referências a ele já tem pelo menos cinco anos... enfim, uma única foto mostra o cara. Não mudou muito, já não era tão novo quando você o conheceu há 15 anos atrás. Mas novo choque. Gente, o que foi que eu vi neste homem, porque deve ser um chato que só fala nele mesmo, nos estudos dele, na história dele.

Prosseguindo... as histórias mais curtas foram com caras que nem referência na internet tem. Um guia de turismo lá de Pirenópolis (GO), outro guia lá de Santarém (PA)... e no meio do caminho tinha uma pedra, ou melhor, um gaúcho de Rio Grande, quase lá na fronteira com o Chuy, que não só tem fotos na internet, mas videos e textos e... um blog. O rapaz é escritor, assim não vale! Hum, ele lançou um livro antes de você hein? E as fotos... até que enfim, menina, que bom gosto, o rapaz é lindo, loiro de cabelos compridos e não mudou (quase) nada. Mas vamos resistir a qualquer forma de contato com o passado e fechar a caixa de comentários, que o cara está lá no Rio Grande e você pelo menos uns quatro mil quilômetros logo acima dele.

Você corre pro FACEBOOK e vai fuçar o perfil do seu ex-marido. O danado tirou você do perfil dele há alguns meses, engraçado que até tua mãe está lá ainda... nada demais nem de novo, a cara dele ainda é a mesma. A aliança de coco também, que a foto era antes de vocês se separarem. Estranho. De todos os seus ex, é o praticamente mais recente e você nem mesmo sente falta. Será que passou tudo aquilo que você sentia? Ou enterrou bem lá no fundo pra não te incomodar?

Aí, pra terminar, você dá uma última olhada no ORKUT daquele safado que você se enrolou toda, que todas as suas amigas diziam não ter nada a ver com você, que te enganava dizendo que não tinha namorada, e que supostamente foi a melhor trepada da sua vida até o momento. Interessante, talvez fosse a melhor por ser a última... a namorada tá lá, deixou recadinho. Você, cansada e com os olhos ardendo por causa do brilho do computador, desliga a máquina. Será que é só da canseira mesmo?

Maldita internet.

Por via das dúvidas, vou guardar o papelzinho com o telefone. Quem sabe um dia eu preciso de um advogado...

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